O CARRO DE BOI



"Os portais do mundo do além sempre estão preparados para se abrirem, liberando criaturas e situações que nem mesmo as pessoas mais preparadas estão prontas para presenciar, principalmente em lugares ermos e afastados.
Por isso nunca duvide do que lhe contarem, pois para as criaturas do sobrenatural, nada é impossível!"


O Relato a seguir é um desses aterrorizantes casos!

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O que vou relatar aconteceu com o meu avô em meados da década  de 1960.

Nessa época ele morava em um sítio no interior de São Paulo, bem na divisa com Minas Gerais, e naquele tempo era comum os trabalhadores da roça se encontrarem logo depois da janta e do banho em uma venda (dessas vendas de sítio, muito simples e com iluminação de lampião), para beberem um pouco e jogarem cartas.
Meu avô sempre que podia estava presente na roda de cartas com os amigos.

Quem conhece a zona rural, sabe que a noite é um breu só, e essa noite havia muitas nuvens encobrindo a lua o que deixava a estradinha de terra ainda mais assustadora e perigosa.
Pois bem, em uma noite de sexta para sábado, vinha ele voltando para casa montado em seu cavalo, já eram lá pela 01h30 da madrugada, e atravessando uma pequena ponte de pedra, logo em seguida por uma touceira de bambu, ele começou a ouvir vários cachorros latindo, mas bastante mesmo.

Foi quando de repente os cachorros pararam de latir, todos ao mesmo tempo (era como se tivessem fechado uma torneira aberta!) muito estranho.
Nessa hora o cavalo empacou e mesmo meu avô tentando na espora ele não saia do lugar, e logo a frente na estrada tinha uma entradinha que desaparecia no meio do mato, e dessa entrada do nada surgiu um carro de boi vindo em sua direção.
Mas não haviam bois puxando o carro, só o carro de boi com o cabeçalho (espécie de vara que é ligada aos bois) levantado como se tivesse algo invisível puxando.

Vinha vindo devagar e sem fazer nenhum barulho, e quando meu avô olhou em cima do carro de boi, tinha um caixão de defunto bem rústico e meio amarelado sendo transportado.
Foi quando ele sentiu uma corrente de vento e um arrepio passando pelo seu corpo, então ele fez o sinal da cruz e passou a mão também fazendo o sinal da cruz na crina do cavalo.
Nessa hora o cavalo saiu em disparada correndo tanto que passou até a entrada do sítio, quase chegando no outro bairro.

No outro dia meu avô contando sobre o acontecido as outras pessoas, lhe disseram que uma mulher havia sido assassinada nessa entrada do mato no ano de 1897 e muita gente já viu e ouviu muita coisa naquele trecho da mata, inclusive uma criança chorando entre as árvores, sempre ao escurecer, no final da tarde.
O mais estranho, é que o cavalo nunca mais passou nesse trecho da estrada, nem de noite nem de dia, e quando meu avô tinha que passar por lá, tinha que usar outro cavalo ou ir a pé.

Meu avô, já falecido, era um homem muito íntegro e  respeitado por todos no bairro e não haveria de inventar essas coisas, mesmo porque outras famílias da redondeza também já viram muitas coisas estranhas por lá.
Hoje o sítio me pertence e está tudo mais ou menos como ele deixou, mas confesso que sempre que tenho que passar por esse trecho da estrada, lembro desse acontecido e já faço o em nome do pai.
Por que será que os cachorros pararam todos de latir ao mesmo tempo? E o que estava puxando aquele carro de boi?







Arnaldo - SP - Brasil
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